Mapas mentais para concursos

Entrevista integral dada por escrito ao Jornal dos Concursos em maio de 2011

© Entrevistados: Walther Hermann Kerth e Viviani Bovo

Sinopse

Mapa Mental é um dos métodos mais simples e eficientes de registro de informações. Ele pode ainda contribuir enormemente para o desenvolvimento da inteligência, além de contribuir para a vida diária como uma base para o desenvolvimento do pensamento estruturado e a agilidade mental.

O texto seguinte inclui as respostas dadas a uma entrevista por escrito solicitada por uma jornalista especializada em matérias sobre educação e aprendizagem.

Contexto

Nosso modelo educacional orientado para a memorização de conteúdos parece estar em crise… A violência é apenas uma das evidências; o analfabetismo funcional é outra (pessoas alfabetizadas que, no entanto, não são capazes de compreender o que lêem ou extrair informações de textos, reportagens ou livros). A memorização de conteúdos, às vezes, já desatualizados, é o principal elemento a ser avaliado no critério atual. Nos países desenvolvidos as pessoas aprendem a pensar, a buscar e a criar conhecimento, enquanto a maior parte de nossas escolas se contenta com preparar o indivíduo para o vestibular.

O método dos mapas mentais, sistematizado pelo inglês Tony Buzan, é ensinado regularmente para crianças e adolescentes no ensino fundamental de países de primeiro mundo na Europa, nos EUA, no Japão e em vários outros países. Até mesmo no México as crianças aprendem tal método para facilitar os estudos e desenvolver a inteligência. Há livros sobre o assunto para diferentes faixas etárias.

No Brasil, quer por preconceito ou por ignorância, exige-se que os estudantes aprendam sem que ninguém lhes diga como fazer isso da forma mais eficiente. Os mapas mentais podem contribuir enormemente para estudantes e professores, embora sejam espantosamente simples e rápidos de serem aprendidos.

Entrevista

1) Quais são as principais diferenças entre o mapa mental e a forma tradicional de anotar uma palestra, uma aula etc.?

As duas maiores diferenças são a velocidade de registro de informações e a abrangência que o mapa mental alcança. A maior velocidade é possível pois o método dos mapas mentais desenvolve a habilidade de reconhecer os conceitos chave e as palavras importantes, dessa forma o usuário toma nota apenas do essencial, conseguindo registrar muito mais dados do que na cópia ou registro do discurso fluente: 80% das informações relevantes de um discurso são representadas em apenas 20% das palavras utilizadas. A abrangência é consequência da “ferramenta” não ser linear e permitir adendos em considerações mencionadas anteriormente no texto fluente. Nestas condições não é possível incluir-se informações em frases anteriores, exceto com o uso de um editor de textos ou quando a pessoa que anota deixa espaços em branco no papel para inclusão posterior de notas ou retomadas do assunto, o que raramente acontece. No mapa mental podemos voltar a temas já tratados para incluir informações tardias ou estabelecer relações e conexões invisíveis no texto linear fluente.

2) O que é preciso ter em mente para construir um mapa mental?

O método trata de um paradigma muito diferente: em vez de utilizarmos apenas a linguagem linear, própria do processamento de hemisfério cerebral esquerdo, aprenderemos a utilizar também os recursos do hemisfério cerebral direito, que nos proporcionará mais criatividade e poder de síntese (resumir informações e criar novos conhecimentos). Numa palestra no Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento há alguns anos eu perguntei aos presentes, aproximadamente 160 pessoas, quantas conheciam mapas mentais; 95% da plateia levantou a mão… Então perguntei quantos utilizavam os mapas como “ferramenta”; menos de 5% se manifestaram. Isso mostra a grande distância em saber da existência e poder colher os benefícios do método.

Além da técnica em si, o mais importante são as competências cognitivas de hierarquização, classificação, organização e representação gráfica de informações. O próprio método ajuda a desenvolver tais habilidades, que contribuirão para o reconhecimento, a compreensão das informações e a descoberta de novas relações. Além disso, você já deve ter usado ou ouvido aquele dito popular que “uma imagem vale por mil palavras”. Como os mapas mentais também fazem o uso de cores e imagens para aumentar a precisão das informações e torná-las mais atraentes e visíveis, devemos também ter em mente que conseguiremos memorizar muito melhor aquilo que registramos em mapas.

3) Para quais finalidades ele pode ser utilizado? Como funcionam os ganhos de tempo?

O mapa mental pode ser utilizado para registrar informações, estruturar conteúdos (como por exemplo elaborar redações, relatórios, livros, sites, etc), resumir ou absorver conteúdos (livros, artigos, etc) bem como recurso de apoio em solução de problemas, processamento e absorção de conteúdos (aprendizagem) e melhorar a memória. Também pode ser utilizado para tomar nota de reuniões, atas de assembleias, listas de tarefas ou de compras, planejamento de eventos ou qualquer outro destino em que o registro estruturado de informações possa ser útil.

Na anotação de uma aula ou palestra o ganho de tempo é impressionante, além da quantidade de informações possíveis de serem registradas. Em sessões de estudo, o tempo é igual ou maior que na leitura, na cópia ou na produção de resumos, no entanto, no momento das revisões será possível recuperar muito mais informações em muito menos tempo do que na releitura ou reestudo.

4) Em termos práticos, qual é a melhor maneira de construir esta ferramenta de organização de ideias? O modelo é o mesmo para todas as finalidades?

Sim o modelo é semelhante, embora encontremos anomalias bastante funcionais em muitos casos. Existe uma estrutura: as informações mais importantes são mais centrais e os detalhes mais periféricos – caminhando para as bordas aumenta o grau de detalhamento; caminhando para o centro aumenta o grau de importância ou a informação é mais geral. Considerando-se um relógio, o início de um mapa, por convenção, é em uma região próxima das 1 ou 2 horas; o final num local próximo das 10 ou 11 horas.

5) Como os mapas mentais podem auxiliar os jovens na escolha da carreira profissional?

Os benefícios do uso de mapas mentais são muitos:

a) desenvolve a inteligência ao convocar e integrar as funções e competências de hemisfério cerebral direito;

b) desenvolve a agilidade mental, isto é, o trânsito livre e rápido entre o pensamentos global e detalhado;

c) melhora o desempenho da memória;

d) dá uma estrutura simples e funcional para a organização de informações em redações, textos, artigos, livros, aulas, apresentações, etc.

e) contribui para o aumento do foco de atenção e melhora a concentração;

f) compensa deficiências de atenção típicas de portadores de Distúrbio da Atenção Deficiente, hiperatividade e dislexia;

g) desenvolve a criatividade e a capacidade de produção de novos conhecimentos ao facilitar o reconhecimento de relações entre distintos detalhes de um determinado conteúdo.

6) De que forma os mapas podem auxiliar na busca, nas etapas de seleção para oportunidades de estágio e trainee e na meta de ser efetivado na empresa?

Num primeiro momento servindo de base de planejamento para relacionar e hierarquizar as oportunidades… Em seguida para ajudá-lo(a) a se preparar para tais processos seletivos permitindo uma visualização do todo e ajudando a identificar itens que possam ser relevantes que tenham sido ignorados, tal qual se usa um mapa geográfico para garantirmos a chegada a um lugar previamente desconhecido.

Num segundo momento contribuindo para o desenvolvimento das competências do(a) candidato(a), tornando-o(a) mais apto, mais competente e mais organizado para gerir informações, tarefas, planos e aprendizagens.

7) Quais competências (ou capacidades) os mapas mentais podem desenvolver ou afirmar nos seres humanos?

Essencialmente as competências da inteligência. Sendo mais abrangente, as competências das inteligências! O uso do mapa mental contribui para o desenvolvimento das seguintes competências: organização, hierarquização, classificação e síntese de informações; criatividade; memória; pensamento global e detalhamento de informações (análise); velocidade de pensamento; intuição; reconhecimento de conexões e estabelecimento de relações entre diferentes conteúdos; pensamento estruturado; gerenciamento de tempo e clareza em apresentações, aulas, palestras, etc.

8) Há um tempo ou frequencia para o desenvolvimento ou aprimoramento destas capacidades por meio dos mapas?

Nossa experiência indica que é mais produtivo um iniciante começar a elaborar mapas mentais à mão, com canetas coloridas preferencialmente, para estimular as funções de hemisfério cerebral direito, também com o uso de ilustrações, símbolos e ícones. Quando ele tiver produzido aproximadamente 20 mapas mentais, seu raciocínio já estará diferente, muito mais estruturado e claro. A partir de então poderá utilizar softwares sem prejuízo algum.

As competências cognitivas continuarão a ser aperfeiçoadas e, num círculo virtuoso, sua mente continuará a se desenvolver até ter conquistado todos os benefícios da ferramenta, quando os mapas já terão se tornado um hábito e parecerá arcaico o registro de informações em texto, exceto para se comunicar com outras pessoas.

9) Quando e por qual motivo você decidiu se aproximar dos mapas mentais?

Eu sou um especialista em aprendizagem. Conheci os mapas mentais em 1995 e notei que minha forma de pensar era muito parecida com o método, então não me interessei muito em desenvolver algo com os mapas mentais. Posteriormente, quando decidi ensinar estratégias e processos de aprendizagem para outras pessoas, notei que elas não tinham as mesmas estratégias. Nessa época minha mulher tinha recém conhecido os mapas e estava deslumbrada com a “ferramenta”, pois para ela o método agregou muito valor. Então decidimos juntos ensinar a metodologia para facilitar a vida de nossos clientes que tinham má memória ou baixo desempenho em gerenciamento de informações. Posteriormente, em 2005, escrevemos e publicamos o primeiro livro brasileiro sobre o assunto. Nesse livro, o foco é o desenvolvimento de inteligências através do uso do método dos mapas mentais.

Quando você busca métodos mais eficazes de aprender ou estudar diferentes tipos de informação, certamente chegará aos métodos gráficos: mapas mentais (gestão de informações), fluxogramas (gestão de processos), gráficos, diagramas de pizza (representações visuais de estatísticas), diagramas espinha de peixe (diagramas de Ishikawa utilizados na gestão da qualidade), etc. Cada uma dessas metodologias servem para otimizar o seu tempo e esforço em representar determinados tipos de informação.

Os mapas mentais tem tal poder por simularem o processo pelo qual admite-se que o cérebro armazena informações e estabelece vínculos entre elas. Por exemplo, se numa roda de bate papo alguém começa a contar piadas, todo mundo se lembra de alguma… Quando o assunto muda para tragédias, cada um também vai contar a sua, como se a memória estivesse estruturada em “cachos” ou “gavetas”. As informações em nossa memória se vinculam por categorias e classes, tal qual um mapa mental, bem diferente da estrutura linear dos textos escritos. Por simular o mesmo processo, o usuário desenvolve uma estratégia de memorização e recuperação de informações muito mais eficiente.

10) Em que situações da sua vida eles foram úteis? Quais foram os ganhos?

As situações reais são muitas… Conforme disse anteriormente, depois que nos acostumamos com a estratégia dos mapas, o pensamento começa a ser produzido com a mesma estrutura. Quando isso acontece, você pode até não utilizar uma folha de papel para mapear uma informação ou conteúdo, pois seu cérebro já faz isso e você acessa as informações num mapa mental que está na sua imaginação – a prática traz tal benefício. Essa estratégia é especialmente útil para solucionar problemas e expandir a consciência em contextos de informação importantes: é uma forma de pensar que inclui o processo de análise e síntese de informações coordenado. A isso eu denomino de “respiração conceitual”, essa é a fonte de novos conhecimentos e da criatividade.

Em simulações, posso dar um exemplo prático. Há alguns anos minha mulher, Viviani Bovo (co-autora do livro “MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências”, e eu decidimos prestar vestibular para uma faculdade de psicologia. Escolhemos uma escola conveniente pelos horários e fizemos a prova para testar nossos métodos. A prova consistia de apenas uma redação: eu entrei em primeiro lugar e ela em segundo! Não sei quantos candidatos havia. Sem combinarmos previamente, ambos estruturaram suas redações em mapa antes e depois redigimos tudo sem fazer rascunhos; ela terminou bem antes que eu. Não frequentamos a faculdade por

11) Você dá aulas do método? Se sim, onde elas ocorrem, em quais dias e horários e qual é o valor?

Sim, nós temos cursos presenciais, personalizados e no formato à distância para o aprendizado dos mapas mentais, além do livro mencionado acima. Nós também somos os mantenedores do site www.inteligenciadinamica.com.br sobre o desenvolvimento da inteligência e o aprendizado dos mapas mentais e compramos recentemente o site www.mapasmentais.com.br que disponibiliza gratuitamente muitos conteúdos e exemplos de mapas mentais e resumos de livros em mapas.

Nossos cursos presenciais já foram realizados em várias cidades brasileiras: São Paulo, Campinas, Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte.

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