Promovendo mudanças – a arte de antecipar-se às crises

© Walther Hermann Kerth

Contemplando o caminhar da humanidade é fácil encontrar várias crises e rupturas, mesmo que não fossem desejadas. São tanto mais traumáticas quanto maiores forem as resistências às mudanças, pois transformação talvez seja a única constante nesse universo em que vivemos!

Assim sendo, se as crises são inevitáveis, há quem acredite que uma boa solução é praticar a arte de anteciparmos as crises. De forma que tenhamos a ruptura sob controle, isto é, aprendermos a promover mudanças em nossas vidas deliberadamente em vez de ficarmos reclamando das circunstâncias ou culpando a Providência por aquilo que não obtemos.

Primeiramente quero lembrar algo que foi dito em outro artigo deste site, Pensamento Sistêmico, sobre o potencial de crescimento permanente de nosso próprio cérebro, desde que devidamente estimulado. Existem três categorias de estímulos que promovem a ativação de novas células nervosas, chamados astrócitos, através da liberação de certos hormônios no sangue: tudo aquilo que nos desperta a curiosidade e o encantamento, estímulos do ambiente que nos fazem agir de formas diferentes e novos movimentos corporais que exijam novos aprendizados motores ou estímulos sensoriais.

Primeiramente devemos aprender que tais estímulos nos deixam fora de nossas zonas de conforto, promovendo determinados estados em nosso organismo que são ocasionalmente associados a grande excitação ou estresse – todo aprendizado gera estresse (que pode ser positivo ou negativo, dependendo da intensidade de estimulação). Assim, devemos aprender a conviver com esses estados interiores. Em segundo lugar, sabendo disso tudo, podemos promover deliberadamente o crescimento de nosso cérebro apenas nos expondo a tais estímulos intencionalmente.

Por exemplo, há alguns anos atrás conclui que não estava satisfeito com a vida que estava levando, então decidi me tornar canhoto! Evidentemente esse não era um pequeno desafio de aprendizagem, então estabeleci pequenas metas que me permitissem monitorar o lento desenvolvimento dessa nova forma de ser: escrever, utilizar os talheres (isto é, comer como canhoto), escovar os dentes e, finalmente, jogar tênis. Em outra ocasião, também escolhendo a coordenação motora como veículo, decidi estudar bateria! Não desejava me tornar músico, nem sequer era apaixonado pelo som desse instrumento tão barulhento (colocava panos na bateria para abafar o seu som mais estridente), o que me interessava era o desenvolvimento do sistema nervoso que tem um baterista… E assim por diante.

Outras pessoas escolhem outros tipos de novos estímulos como freqüentar ambientes diferentes, mudarem-se de cidades ou de profissões, aprenderem novas habilidades, novos esportes, pintura, música, dança, etc. Buscar coisas novas permanentemente. Esse hábito acaba contribuindo para o desenvolvimento pessoal de algumas formas diferentes: adquirimos novas habilidades; conquistamos novos pontos de vista; flexibilizamos nossa forma de ser e acostumamos com esse estado de conviver com o novo e o estresse decorrente dele.

Curiosamente, existe uma estatística que afirma que apenas cinco por cento de todas as pessoas têm esse hábito. Oitenta por cento são os conservadores, que não querem nada de novo e os quinze por cento restantes vivem em cima do muro, agindo como conservadores, porém atentos às novidades. A fonte desses dados não está mais em minha memória, mas posso afirmar por experiência própria que a quantidade de pessoas verdadeiramente interessadas em novidades é bastante pequena.

Se você quiser deixar algo de verdadeiramente significativo como seu legado para seus filhos ou as novas gerações, dar o exemplo de estar sempre disponível para aprender novas coisas é bastante louvável, pois não permite que nossas crianças construam a crença de que devemos parar em determinada etapa de nossas vidas, lembre-se sempre que as crianças aprendem com os exemplos das pessoas que escolhem como ídolos ou modelos. Além disso, nesse mundo de transformações cada vez mais velozes, é bastante valioso termos um espírito permeável à mudança permanente!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *