Hipnose Aplicada à Educação: Arquitetura de Aprendizado

© Walther Hermann Kerth

A Hipnose Aplicada à Educação é uma abordagem educacional que reúne interessantes ferramentas e dispositivos da comunicação humana com o objetivo de promover o aprendizado profundo – também entendido como o “insight” (introvisões e sínteses criativas) ou aprendizado por descoberta. Tem sido especialmente utilizada em processos de aprendizagem acelerados, de desenvolvimento de percepção e mudanças comportamentais saudáveis e naturais (“ecológicas”).

Tecnicamente consiste em uma determinada forma de estruturar a linguagem e na organização de algumas experiências, vivências e exercícios de imaginação e introspecção. É uma adaptação de conceituações e práticas de diferentes campos do conhecimento, desde alguns padrões da Hipnose Terapêutica até as habilidades dos contadores de estórias; desde exercícios de aumento de sensibilidade e percepção até formas características dos maiores canais indutores de estados alterados de consciência de nossa época: o cinema e seus insistentes convites à percepção de todas as fantasias, emoções e sentimentos que ele nos induz (considerar “A Jornada do Herói” – modelo mítico arquetípico aceito como esqueleto básico da cinematografia atual – vide Joseph Campbell em “O Herói de Mil Faces”).

Neste estilo de atividade não existem induções formais como na hipnose terapêutica, muito menos algo que se relacione com as apresentações de palco e de televisão. De fato, existem convites ocasionais feitos ao participante a experimentar diferentes pontos de vista de observação a respeito de assuntos cotidianos (ressignificação) o que conduz a permitir-se entrar em estados naturais de absorção em suas fantasias, devaneios e consequentes julgamentos e reavaliações. Os eventuais processos regressivos não são deliberadamente induzidos, porém ocorrem totalmente conscientes e espontaneamente na busca de referências passadas (em memória) que sejam associáveis à experiência presente.

Lembrando-nos que, enquanto seres humanos, ao nascer, não recebemos um manual de instruções de como operar melhor o nosso “grande computador”: o cérebro e o corpo humanos, e nossos pais também não, esta tecnologia serve para adaptar e flexibilizar nossos hábitos na construção de maior bem estar e eficácia na forma de conduzir nossa vida.

Na prática, utilizamo-nos de cenários ou enredos nos quais as metáforas são construídas e apresentadas como ambientes para o apoio da mente consciente tão ávida de entendimento. Simultaneamente, através das estruturas metafóricas, oferecemos outras alternativas à mente inconsciente para que ela possa percorrer outros caminhos de percepção e compreensão. Ocasionalmente ocorrem sequestros espontâneos da mente consciente que passa a experienciar alguns fenômenos hipnóticos comuns: regressão, distorção ou projeção temporal, ampliação ou redução do campo de percepção sensorial, agitação, hiperatividade, sonolência ou torpor que se aproximam e se afastam muito rapidamente, comoções emocionais e, principalmente, uma grande quantidade de “insights” aparentemente desordenados.

Os resultados do uso destas tecnologias em educação consistem em hiper-estimular, ativar e reintegrar estilos de processamento cerebral de hemisférios direito e esquerdo. Não obstante, a melhor metáfora para diferenciar do processo terapêutico formal é imaginar as diferentes atitudes do terapeuta e do educador caso se dispusessem a obter um copo de água limpa a partir de um com água suja: o terapeuta, possivelmente, elaborasse um complexo sistema de filtragem para retirar as impurezas daquela água (problemas) enquanto o educador, possivelmente, procurasse uma fonte com água limpa e, misturando com a antiga, após transbordar, atingiria os níveis de pureza adequados.

Estas pesquisas e desenvolvimentos no campo do comportamento e interações humanas, apontam para uma época na qual poderemos dizer que a Educação terá se desenvolvido proporcionalmente às nossas ciências de alta tecnologia, tais como: engenharias eletrônica, genética, micro-mecânica, etc. Aí, então, provavelmente com apenas onze ou doze anos de idade, um indivíduo poderá acumular o conhecimento técnico correspondente a uma graduação superior em nível de doutoramento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *