Durante a última década descobriu-se que o mapa cognitivo (nossa memória da realidade ou mapa de mundo) que os seres humanos constroem em suas mentes, são representações ou construções espaciais (Fauconnier, 1997, 2002). O mesmo acontece com os nossos mapas sociais. Esses são estruturados como uma paisagem interior tridimensional composta por imagens abstratas das pessoas (conscientes, semi-conscientes ou não conscientes). As abstrações possuem tal grau de precisão que nos permitem ainda reconhecer quem essas imagens mentais representam, isto é, somos capazes de nos lembrar das pessoas e daquilo que sentimos sobre elas, embora sejam pobres representações de tudo o que são. Registramos apenas uma pequena parcela daquilo que somos capazes de perceber das pessoas.
Uma representação de si mesmo(a) (
self ou indivíduo) situa-se no centro dessa paisagem mental social (Panorama Neurossocial) e representações de todas as pessoas significantes estão projetadas ou situadas em lugares determinados ao redor do centro, onde situa-se a representação do indivíduo.
As posições exatas nas quais as imagens dos outros estão localizadas (distâncias, direções, orientações do foco de atenção e alturas) em nosso próprio Neurossocial provaram ser extremamente significativas. Isto nos conduz à principal máxima do modelo Panorama Neurossocial: relação é igual a localização. Ou, mais precisamente: a qualidade de uma relação social é amplamente governada pelo ponto no qual a imagem de cada pessoa é projetada no espaço mental do indivíduo.
Então, enquanto todas as pessoas reais do mundo deslocam-se em quaisquer direções, aproximam-se e afastam-se até finalmente desaparecerem, essa paisagem interior das imagens sociais mostra-as como objetos estáveis e definidamente posicionados, mesmo depois de mortas.Modelagem Populacional.
Algo como o Panorama Neurossocial vai além da corrente de paradigmas da ciência social. Se desejarmos nos orientar nessa abordagem necessitaremos de novos conceitos. O Neurossocial pode ser visto como um produto daquilo que chamamos de Modelagem Populacional, a qual pode ser contrastada com a modelagem da excelência de uma pessoa isolada, tal como propõe a Programação Neurolinguística. Um modelo de população é parte de uma pesquisa qualitativa e quantitativa das características de alguma parte de nossa própria experiência subjetiva.
O modelo não é Fenomenológico, mas sim Pragmático; ele mira a descrição daquilo que é útil. Ele não aponta para a Verdade em si mesma, mas quando um modelo funciona ele necessariamente precisa representar a realidade (psicológica, física ou estatística) de alguma forma.
As distinções num Modelo Populacional são tão poucas quanto possível, e são escolhidas por causa da orientação que oferecem durante as suas aplicações práticas. Assim, filosoficamente, tal modelo tem como objetivo não a verdade sobre o assunto, mas a máxima orientação durante a ação.
Muito frequentemente, o modelador populacional começa com uma hipótese a respeito de como algum segmento da experiência é estruturado de forma geral dentro de um grupo. Para posteriores elaborações sobre isso através dos resultados das entrevistas de um grande número de sujeitos. Esses sujeitos são questionados dentro de um contexto da aplicação: como acontece dentro de uma negociação, na psicoterapia ou num treinamento.
Antes do Neurossocial, o modelo da Linha de Tempo Pessoal constitui-se num outro exemplo de Modelagem Populacional. No caso da Linha de Tempo Pessoal, a hipótese era que as pessoas representavam o tempo numa forma espacial linear. Após trabalhar-se com essa hipótese durante vários anos os pesquisadores do assunto puderam identificar e enumerar uma quantidade de padrões culturais e universais nas formas das pessoas representarem o tempo (Caso perguntemos se realmente existe a Linha de Tempo, a resposta mais adequada será negativa! Porém, tudo se passa como se existisse, assim o modelo nos proporciona a oportunidade de fazer intervenções produtivas em nossa representação da realidade). O modelo da Linha de Tempo provou ser muito produtivo e eficaz para a compreensão da mente social atual e para as alterações na percepção do tempo em problemas de planejamento, gerenciamento emoções e de memórias de situações estressantes, motivação e realização de objetivos.
De forma semelhante, o Panorama Neurossocial oferece um modelo de análise e intervenção muito eficaz na solução de conflitos, melhora de performance na comunicação e nos relacionamentos.
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