Hipnose

© Walther Hermann Kerth

Utilizada há centenas de anos, a prática da hipnose em nossos dias adquiriu formas muito mais eficazes e respeitosas durante a sua evolução e amadurecimento.

No passado a figura do hipnotista era misteriosa e enigmática, com seu carisma revestido de grande magnetismo pessoal, sendo que isso era um sinal de sua força e poder terapêuticos de submeter pessoas à sua vontade. Utilizando-se especialmente de técnicas baseadas na sugestão e persuasão da mente inconsciente, acreditavam que suas idéias e proposições eram as verdadeiras soluções para o sujeito que se submetia ao processo de cura ou transformação com essa ferramenta. Nesses primórdios, os resultados poucas vezes eram duradouros e, ocasionalmente, nem sequer saudáveis ao criar a dependência por ajuda externa.

A hipnose científica moderna acrescentou uma série de mudanças na filosofia e na prática do cultivo do transe hipnótico, incorporando algumas novas técnicas especialmente relacionadas com uma compreensão mais integral (holística) do ser humano – abordagens psicossomáticas, não diretivas e modelos mente-corpo.

Um dos principais fundamentos, é a importante atitude do aplicador (hipnotista) de respeito e compreensão de que o sujeito que se submete ao processo hipnótico, em busca de soluções para seus problemas ou dúvidas, já possui as soluções das quais necessita para equacionar os seus dramas, mesmo que ainda não tenha consciência delas! Como se os próprios problemas e dramas que impulsionam o indivíduo a buscar ajuda contivessem dentro de si mesmos o conhecimento embutido das soluções.

As técnicas terapêuticas mais utilizadas modernamente estimulam a criatividade do indivíduo a gerar soluções a partir de diferentes formas de compreender seus dramas (reenquadramentos ou ressignificações) e as sugestões, quando ocorrem, se relacionam mais com o processo da experiência interior do que com o conteúdo dela.

Essas abordagens podem proporcionar muitos ganhos secundários bastante interessantes se forem devidamente utilizadas com finalidade terapêutica, e o seu grau de efetividade chega a pular dos 7 ou 10% (de sujeitos hipnotizáveis no passado) até talvez 90% (no presente). Sendo que os resultados terapêuticos, em geral, tornam-se definitivos e generativos, isto é, produzem conseqüências positivas que transcendem as necessidades do problema original.

Para compreender isso mais profundamente, devemos logo no início diferenciar duas abordagens bastante importantes: a terapêutica e a educacional. Simplificadamente, podemos compreender suas diferenças de atitudes ao pensar em diferentes formas de obter água limpa a partir de um copo com água suja: o modelo terapêutico buscaria um sistema de filtragem dessa água para eliminar suas impurezas… Enquanto isso, o modelo educacional procuraria por uma fonte de água limpa que fosse inserida no copo e misturada com a água suja original na quantidade necessária, após transborda-lo, e proporcionasse o grau de pureza almejado.

Filosoficamente, o primeiro se ocupa de buscar e eliminar problemas enquanto o segundo busca oferecer soluções em abundância!

Guardadas essas diferenças, ambas abordagens podem apresentar transformações generativas, isto é, promover mais mudanças e resultados do que aqueles que foram originalmente pretendidos! Um exemplo disso é uma pessoa que procure utilizar a hipnose para livrar-se de um bloqueio no aprendizado de idiomas, ao final do trabalho interior pode constatar que não somente o bloqueio para o aprendizado de idiomas se transformou, mas que também algum outro medo ou compulsão se foram. Ou mesmo que sua concentração, memória, percepção, criatividade e capacidade de aprendizado em outras atividades tenham se potencializado.

Sendo assim, um aspecto muito importante da utilização dessa poderosa ferramenta de prospecção interior é a habilidade do indivíduo de compreender cada sinal ou percepção de si mesmo, na medida em que estabelece um ou mais canais de comunicação com sua própria mente inconsciente. Na prática, reconhecer essa linguagem interior (composta de lembranças, sensações, percepções, imagens e mensagens) é uma condição fundamental para que possamos aprender a seguir mais fielmente os destinos possíveis registrados em nossa vida inconsciente, enquanto aprendemos também a respeitar as razões e significados profundos de nossos comportamentos automáticos e inconscientes, mesmo que aparentemente negativos.

Você pode agora aproveitar essa ocasião para fazer uma breve experiência, quem sabe até com a colaboração de sua própria mente inconsciente se ela estiver interessada ou disponível para tal experiência. Se nesse exato momento você tem aí dentro de si algum sintoma (dor de cabeça, de estômago, no abdômen ou no ventre, nas costas ou em qualquer outro lugar), alguma sensação específica (calor em algum lugar, formigamento, pressão ou peso) ou algum sentimento (de medo, ansiedade, angústia, etc), pare por alguns instantes e localize em seu corpo onde está esse sinal.

Agora reserve alguns instantes para se absorver em sentir tais sinais corporais como se você fosse atender alguém batendo à sua porta ou campainha em seu “castelo” (seu próprio corpo). Não tente, de antemão, livrar-se do sinal corporal, apenas “abra a porta” (focando sua atenção no local em que o sinal se apresenta) e espere por pensamentos, memórias ou idéias que porventura se apresentem à sua consciência.

Observe que, se tiver coragem de não julgar e aceitar a inteligência própria dos movimentos e impulsos inconscientes, ao final de alguns instantes algo pode ter mudado espontaneamente! Seja a localização da sensação original, seja a intensidade, a percepção, etc, ou mesmo a qualidade dos sentimentos, emoções ou lembranças que podem ter vindo a sua mente.

Esses sinais corporais são como chamados inconscientes (“alguém” bate às suas portas interiores) para nos introvertermos e realizarmos algum trabalho criativo. Se ignorarmos insistentemente tais sinais e mensagens (“chamados”), eles tendem a se transformar em sintomas… Culminando ocasionalmente com doenças, apenas porque não aprendemos a ouvi-los e aceita-los.

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Artigo sobre hipnose moderna: Milton H. Erickson – Um Grande Mestre

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