A nova educação

© Walther Hermann Kerth

Quando encontramos um profissional jovem muito bem sucedido, nem sempre conseguimos identificar qual foi a fórmula do sucesso, que muitas vezes fica escondida atrás de uma personalidade cativante, amigável, simpática, determinada, inteligente, etc. Porém, tais competências raramente foram aprendidas na escola, já que esses jovens bem sucedidos tiveram como colegas estudantes de baixo foco, sem motivação, com baixa resiliência, pouca inteligência emocional ou com poucos recursos de comunicação.

Enfim, o que poderíamos considerar como as competências do sucesso em nossa sociedade ocidental?

Talvez qualquer pessoa concorde que raciocínio lógico, concentração, planejamento, boa memória, criatividade, flexibilidade, liderança, iniciativa e empreendedorismo, desenvoltura e maturidade emocional, domínio de idiomas estrangeiros, habilidade de solucionar conflitos, maturidade financeira e a competência de gerenciar recursos, negociação, vendas, administração de tempo, gerenciamento do estresse, grande e rápida capacidade de absorção de informações, boa gestão de conhecimentos, desinibição, boa comunicação, boa expressão verbal (seja escrita ou falada), etiqueta, estão entre algumas das mais importantes. No entanto, tais competências são trazidas da cultura familiar, aprendidas aleatoriamente durante o processo de sociabilização ou obtidas durante uma carreira profissional promissora, quando as corporações investem no desenvolvimento dos seus profissionais.

Então, qual seria o diferencial de um profissional jovem que já esteja assim preparado para a vida? Quais seriam as suas chances num processo seletivo no qual já apresentasse, desde o princípio, não apenas o potencial, mas também as competências do sucesso?

No modelo educacional tradicional os estudantes obtém os “peixes” necessários à sua emancipação cultural e educacional, mas poucas vezes são preparados para as situações de vida que encontrarão logo após a vida escolar, quando ingressarem no mercado de trabalho. Exceto quando os pais se encarregam de “ensinar os seus filhos a pescar”, é comum que o novo profissional tenha que aprender a sobreviver aos “trancos e barrancos”. As conseqüências mais comuns disso são uma grande evasão escolar na fase de ensino superior graças às descobertas do mundo real ou as frustrações de escolhas profissionais mal planejadas.

A crise vivida pela escola atual, repleta de insatisfações de todos os lados (alunos, professores e dirigentes), aponta para uma oportunidade de revermos nosso modelo de ensino, preparando antigos professores para novos educadores. Com a volatilidade da informação o educador do futuro será um profissional que ensina a aprender, não mais colocando à prova a sua memória, mas sim a sua capacidade de liderança, motivação e raciocínio, à medida que ensina o seu aluno a pensar e a buscar a informação necessária, em vez de ficar repetindo, ano a ano, seus “velhos” conteúdos.

Graças à democratização, disponibilidade e barateamento da informação, atualmente as crianças são cada vez mais precoces, apontando para um futuro de super-humanos! Mas quem serão esses seres super-humanos se continuarmos a atrasar o seu desenvolvimento tão mais rápido que o nosso? Quais são as verdadeiras necessidades dos estudantes atuais? Basta observarmos o que mais lhes atrai a atenção para nos convencermos que eles necessitam muito mais do que as gerações de seus educadores tiveram!

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